sexta-feira, outubro 06, 2006

TEORIA BREVE DO "FAZER ANOS"

Ainda não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Então festejarei o meu aniversário.
A paráfrase inicial faz descarrilar os versos de Pessoa e peço perdão pelo sacrilégio, mas onde poderia ir buscar melhores palavras?
Tenho uma teoria sobre os dias de aniversário, peregrina e impopular entre certos elementos do sector terciário, amigos, familiares e namoradas.
Sucede que é também uma teoria de bases sólidas. Que sentido faz festejar um dia de aniversário, se não fizemos mais do que viver? Que glória há em ir dos 12 aos 13, dos 20 aos 21, dos 43 aos 44? Nenhuma. Festejemos antes um feito, um reencontro, o nascimento de um filho. Deixemos as velas em paz.
Com uma ressalva para quem esteve às portas da morte e se safou, só se justifica festejar o nosso aniversário quando atingimos e ultrapassamos a idade da nossa esperança média de vida.
Dir-me-ão que é um argumento desolador, de quem se verga à estatística, mas só depois de atingida essa fasquia é que cada respiração merece ser gozada e celebrada. É verdade que com um esquema destes por vezes haveria falta de quórum e os poucos presentes não cantariam já com grande afinação. Mas seria uma festa de aniversário com mais sentido e poupar-se-ia nos croquetes.

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