Recordar é viver 2
Apesar do meu silêncio destas duas últimas semanas, tenho estado atento ao fenómeno bloguista nacional. Noto que, apesar da euforia inicial e da rápida proliferação desse mal chamado "livre opinião", muitos destes espaços têm vindo a silenciar-se. Outros houve que se especializaram de acordo com as áreas mais dominadas pelos seus autores. Uns em literatura, outros em política, outros ainda em música.
Convencido de que a sobrevivência dos blogues pode depender da escolha objectiva da sua área de intervenção, decidi passar a debruçar-me apenas sobre os assuntos que melhor domino. Por isso, de hoje em diante Brave Sir Robin dedicar-se-á a falar sobre tudo. Não apenas sobre tudo, mas ainda sobre alguns assuntos adicionais e periféricos, nomeadamente, o nada.
Ser analista de tudo, não é fácil. E com tanta coisa a acontecer em simultâneo, a dificuldade em escolher temas, facilmente conduz à preguiça. No entanto, o próprio acto de devolver a vida a este blog, sugere a sensação de acordar um monstro. E acordar monstros lembra-me esta moda dos revivalismos.
Há muita coisa que aceito bem nisto dos revivalismos. Aceito perfeitamente as mini-saias e tolero serenamente as camisolas iguais às que as nossas mães tricotavam no início da década de 80. Venham de lá as bocas de sino e os papéis de parede, que a mim fazem-me tanta diferença como as flores no papel higiénico.
A coisa piora é quando a nostalgia chega à música. Por exemplo: o António Variações tinha piada no tempo dele. Agora, ir ao baú, sacar as ideias que nem mesmo ele - que era tão tolinho - teve coragem de lançar e obrigar-nos a levar com letras cujos temas já eram bacôcos há 25 anos, é abusar da sorte...
Querem revivalismos? Façam Bombocas e recuperem o País dos Rodinhas. Ressuscitem os chupas Camelo, os Traga-Bolas e o Pulgas na Cama, mas deixem aquela alma barbuda descansar.
Há ainda um outro problema nisto das nostalgias forçadas. Reparem no caso da moda: começaram por recuperar a roupa ao estilo dos anos 60, depois 70, a seguir os ridículos mas ainda frescos 80. E daqui para a frente? Como é que vai ser? É que eu ainda sou capaz de ter algumas peças de roupa adquiridas nos anos 90. Deverei comprar umas a imitá-las ou posso usar as originais?
Por falar em crimes e ainda no âmbito dos revivalismos, faço uma pergunta: Será que o Júlio Isidro se prepara para fugir do país? É que depois de sair um disco que recorda aos portugueses, que foi esta criação defeituosa da oficina de Gepeto quem trouxe à ribalta nomes como Vitorino, UHF e Lena d’Água, o mundo é pequeno para ele se esconder. Mais vale deixar crescer a barba e cobrir-se de lençóis. Assim, quando o público enfurecido o encontrar escondido e amedrontado a tentar salvar a vida dele, gritando "Vais morrer, porco!!!", vão rapidamente acalmar-se dizendo: "Ah, não é ele. É o Bin Laden. ‘bora ver na rua ao lado!!!"
(Curtam a imagem paneleira que anexei, em tom de recordação...)



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