sábado, abril 08, 2006

Diário de um Cagalhão...

Porque penso que se insere no espírito aí da malta, aqui vai:

dia 1- Acabei de nascer, ou melhor, de ser cágado por um cão. Fui cágado num jardim público. Ao meu lado, está outro cagalhoto, oriundo do mesmo cão, o que quer dizer que somos irmãos. Estou com vergonha de falar com ele.

dia 2- O meu irmão falou comigo. Estamos a dar-nos bem, só é pena o cheiro.

dia 3- As moscas não me largam. Não sei o que as atrai em mim.

dia 4- O mesmo cão que me cagou voltou. Desta vez trouxe uma amiga. Nasceram 5 cagalhotos. Tenho mais dois irmãos e três amigos.

dia 5- Um dos novos cagalhotos está a estragar o ambiente aqui no jardim. ele quer ser o líder. Criou um verdadeiro ambiente de merda.

dia 6- As coisas estão mais calmas. As moscas voltaram mas andam mais nos meus irmãos mais novos.

dia 7- O cagalhão voltou a armar-se. Fartei-me e mandei-o à merda !

dia 8- Hoje, passaram umas pombas e uma delas criou o pedaço de merda mais fofo que já vi. Mal aquela caganita caiu do ânus para a relva apaixonei-me. As suas formas são perfeitas, ela é tão pequenina, tão fofinha. O seu odor a merda fresca deixa-me louco.

dia 9- Estou tão feliz, ela apaixonou-se por mim. Namoramos, ignoro as moscas e os cães que apareceram e comeram o meu irmão mais velho. É bom amar!

dia 10- Os cães voltaram e comeram o resto do pessoal menos o cagalhão que tem a mania; mas não quero saber. Tudo aquilo que sempre quis foi um pedaço de merda com a minha merdolina ao lado.

dia 11- A vida é injusta. Ela traiu-me com o cagalhão. Estou sem palavras. Dói, dói mais que ser cágado. Estou confuso. Vou ter que pensar naquilo que quero fazer da minha vida.

dia 12- Decidi lutar por ela. Preparei um discurso e disse-lho: “ Amor, desde que me deixaste sinto-me como se vivesse num esgoto entupido. Sinto-me como que pisado e espalmado pela sola de um humano. Sinto-me como merda. Tu foste o pedaço de merda mais importante que alguma vez tive, a minha bostinha ! Ter-te ao meu lado é como ser cágado para uma sanita requintada. Quando estou contigo sinto-me grande e abundante como merda de vaca. Amo-te minha cagalheta ! Deixa-te de merdas e volta para mim!”

dia 13- Ela pensou e voltou para mim ! Estou tão feliz! Estou agora a escrever com a minha Merdolina ao lado. Afinal a vida é uma merda. Só temos de passar pelos pequenos de merda que queremos mesmo que à nossa volta existam muitos e muitos pedações de merda. Esperem, estou a ter uma má visão! Já me tinham contado histórias horríveis sobre isso. Quando alguém com os pés grandes caminha na tua direcção a olhar para o céu é mau. Não importa. Vou morrer feliz. Aqui vem ele!! MERDA!

Obrigado, João XXI

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